sábado, 21 de julho de 2012

O Algarve nas Fontes da Antiguidade


                                                                                                         
No âmbito do mestrado em História do Algarve, optei por debruçar-me sobre “O Algarve nas Fontes da Antiguidade” para a unidade curricular de “Algarve Pré-histórico e Romano”. No decorrer do respectivo estudo compreendi que foram vários os escritores da antiguidade, gregos e latinos, que escreveram sobre a Ibéria ou Hispânia, obras de carácter geográfico, histórico ou etnográfico. Para tal serviram-se das suas viagens, experiências pessoais, recolha de notícias ou recorrendo a outras fontes mais antigas, como o fez Rufus Festus Avienus, que apesar de ter vivido no séc. IV d. C., utilizou uma fonte muito antiga; o relato de um périplo massaliota do séc. VI a. C.
Autores anteriores à era cristã, como Herodoro de Heracleia, Eforo e Artemidoro, dão-nos informações respeitantes ao Algarve proto-histórico, mais precisamente ao período da colonização cartaginesa. Indicam os seus limites, os acidentes da costa, o nome dos seus habitantes, (Cynetes e Conoi) e referem-se a um culto praticado no Cabo Cinético ou Promontorium Sacrum (Cabo de São Vicente).
Por outro lado, os autores do período romano, como Estrabão, Plínio o Velho, Pompónio Mela ou Cláudio Ptolomeu, caracterizam a cultura dos povos que habitavam o território a Oeste do rio Anas., incluindo nestas descrições as suas riquezas naturais e economia de cidades como Baesuris (Castro Marim), Balsa (Luz de Tavira) ou Ossonoba (Faro).
Grosso modo, podemos afirmar que estas fontes debruçaram-se sobre a orla marítima que se estende desde a embocadura do Guadiana até ao Cabo de São Vicente, ou seja, o actual Algarve, do qual por vezes nos oferecem interessantes descrições e extremamente úteis para o estudo da história da região algarvia, num período compreendido entre o final da Idade do Bronze e a II Idade do Ferro. Estas referências, que vão desde a simples alusão a uma descrição pormenorizada, revestem-se do maior interesse, pois em muitos casos são as únicas notícias referentes a factos, costumes e situações que a História e a Arqueologia nem sempre comprovaram. Consideradas deste modo, constituem fontes de indiscutível valor para a historiografia dos povos que habitaram a nossa região e uma interessante leitura para todos os algarvios em geral.

Jornal do Baixo Guadiana, Nª 133, Junho de 2011, p.21.


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