domingo, 1 de dezembro de 2013

1 Dezembro de 2012 e os 372 anos da Restauração de que Independência?

 
1 Dezembro de 2012 e os 372 anos da Restauração de que Independência?

 

A História de Portugal está repleta de acontecimentos que passaram à posteridade em virtude do grau de importância de que se revestem. Um desses episódios teve lugar no dia 1 de Dezembro de 1640, pelo que o presente ano de 2012 assinala os 372 anos da Restauração da Independência portuguesa. A também denominada “conspiración de 1640” – como diriam os nossos vizinhos espanhóis - foi planeada por um conjunto de personalidades portuguesas, entre os quais D. Antão de Almada, D. Miguel de Almeida, e João Pinto Ribeiro, entre outros fidalgos. Desta “conspiração” resultou a morte do secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos, e o aprisionamento de Margarita de Sabóia, a duquesa que governava Portugal em nome do seu primo, Felipe IV de Espanha. Foi então aclamado o duque de Bragança como rei de Portugal, com o título de João IV, dando início à dinastia de Bragança, a quarta dinastia da monarquia portuguesa. Deste modo, deu-se origem a 28 anos de uma guerra pautada por inúmeras escaramuças nas proximidades da fronteira, e cinco batalhas principais, todas elas ganhas pelos portugueses. Somente depois da batalha dos Montes Claros, em 17 de Junho de 1665, é que a paz foi estabelecida, através da assinatura do Tratado de Lisboa de 1668.

É claro que, para Espanha, a Guerra da Independência portuguesa só foi bem-sucedida, não devido à sagacidade e ao esforço dos portugueses, mas à sublevação da Catalunha! Sublevação essa que o duque de Olivares pretendeu esmagar com o envio de tropas portuguesas, como se não bastassem os impostos e os recursos humanos que Portugal enviava para as guerras que a Espanha mantinha pela Europa, enquanto as colónias portuguesas eram sistematicamente assaltadas sem que o governo de Madrid se dignasse a tomar qualquer tipo de medida. Esquecem-se os nossos vizinhos espanhóis que se Espanha combatia por esses anos em vários cenários de guerra, também Portugal combatia em diversas frentes por esses anos da Guerra da Restauração: combatia Espanha na frente que era a fronteira portuguesa, e combatia a Holanda, a França e a pirataria inglesa nas frentes que representavam o Brasil, a África e a Ásia. O esforço de guerra de Portugal durante esse problemático século XVII foi, de facto, notável, e não pode nem deve ser esquecido. Mais: deve servir de exemplo para lutarmos contra quem compromete a nossa independência, delapidando o país em virtude dos interesses estrangeiros. Resumindo, no dia 1 de Dezembro comemora-se a Restauração da Independência portuguesa, porém, e não obstante a importância simbólica deste dia, os nossos governantes, enquanto pessoas esclarecidíssimas, preparam-se para suprimir este feriado, dando prevalência aos feriados religiosos (Imagine-se! Pensávamos nós que vivíamos num Estado laico, mas afinal andámos enganados…). E porquê erradicar exactamente os feriados representativos das revoluções que marcaram a nossa História, como o feriado relativo à Restauração da Independência ou à Implantação da República? Pretender-se-á evitar ambientes propícios a uma nova e legítima revolução? Ora, lá diz o ditado: “quem não deve não teme”…

 

Artigo inédito (Recusado por vários jornais algarvios).

1 comentário:

Anónimo disse...

Também eu não compreendo o motivo que levou este Governo a retirar feriados em datas importantes da soberania nacional.